Ninguém pediu nas ruas um plebiscito
Os cartazes de cartolina e as faixas e
banners que encheram as ruas do país, de norte a sul, neste início de
inverno pediam escolas, hospitais, transporte público e segurança no
chamado “padrão Fifa”, ou seja, com alto nível de qualidade.
Por mais que algumas causas pontuais,
como a derrubada da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n°. 37,
tenham também encontrado apoio popular, o estopim das reivindicações foi
o transporte público.
Mas as principais bandeiras na direção de
um país “padrão Fifa”, tendo por base a melhoria da educação e da saúde
pública, necessitam ser reivindicadas por mais gente, pela sociedade em
geral, exigindo dos governos uma gestão mais eficaz e consistente dos recursos disponibilizados à população.
Vejam os exemplos recentemente divulgados de ranqueamento. O Brasil ficou em penúltimo lugar em um ranking global de educação que comparou 40 países levando em conta notas de testes e qualidade de professores, dentre outros fatores.
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Além da qualidade, com certeza a falta de
recursos contribui definitivamente para tanto. Por isso ganha corpo a
defesa de investimentos da ordem de 10% do PIB, algo como R$ 490 bilhões
em 2013 bem acima dos previstos R$ 300 bilhões.
O mesmo patamar de aplicações, embora
sobre as receitas da União, e não sobre o PIB, também é reivindicado
pelos que pedem “hospitais padrão Fifa”. A parcela atual (R$ 79 bilhões)
não chega a 7%. Como a arrecadação deste ano deve ultrapassar R$ 1,2 trilhão, os 10% representariam inversões de mais R$ 41 bilhões ao orçado.
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O gerenciamento eficiente deste volume expressivo de recursos permitiria abandonarmos a 72ª posição no ranking da Organização Mundial de Saúde
(OMS) de investimento em saúde. Segundo os números mais recentes, o
desempenho brasileiro é 40% inferior à média internacional (US$ 517). A
liderança do ranking de 193 países pertence à Noruega e a Mônaco, cujas
despesas anuais (US$ 6,2 mil por habitante) são vinte vezes maiores do
que as brasileiras. Na América do Sul, o Brasil está em situação pior do que Argentina, Uruguai e Chile.
O alardeado “padrão Fifa” que também será
exigido no próximo ano nas cidades brasileiras que sediarão a Copa do
Mundo, se tornou uma espécie de ISO 9000, um selo de qualidade para
produtos e serviços. Este selo também queremos para nós todos. Queremos qualidade nos principais quesitos da preocupação e angústia populares. Queremos um Brasil “padrão Fifa”!
(*) jornalista, auditor fiscal da
RFB, diretor de Direitos Sociais e Imprensa Livre da Associação
Riograndense de Imprensa, da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade
Social e presidente do Sindifisco Nacional em Porto Alegre. vilsonromero@yahoo.com.br

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